A Casa EK possui a particularidade de ter sido construída ao lado de outro projeto realizado pelo Studio, a Casa MD. O principal pedido do cliente foi que houvesse completa distinção entre as propriedades, de modo que cada arquitetura mantivesse personalidade própria.
O terreno estreito, em frente à praia da Baleia, possui apenas uma entrada, voltada para o mar. O desafio foi conciliar abertura à paisagem com privacidade e praticidade no acesso de pessoas e veículos. A solução passou pela elevação da casa em relação ao terreno e escavação para esconder a garagem. Assim, todo o térreo situa-se 1.20 m acima do nível da rua, abrigando a piscina, áreas sociais, de serviços e uma suíte voltada para o jardim aos fundos. O portão guilhotina desaparece sob o solo para a entrada de veículos e pode ser ajustado para fechar completamente a fachada, alinhando-se com o vizinho, ou mantê-lo em altura intermediária que preserve tanto a privacidade quanto a vista do mar desde a casa.
O programa extenso demandou ocupação quase total do terreno, liberando-se apenas os recuos legais. Tal escolha implicou poucas áreas verdes, o que foi compensado por generosos jardins verticais, em sistema que cria interessantes padrões geométricos, mesmo quando a vegetação estiver densa.
A estrutura revela-se pelo pórtico na fachada, liberando os interiores com vãos de 10 metros. A sala abre-se completamente para o exterior com caixilhos que correm para as laterais, integrando estar, jantar e home theater ao deck da piscina. O volume do térreo é trabalhado em tom fendi claro que foi aplicado às paredes, marcenarias e forro, realçando a sensação de total integração entre interior e exterior.
Cinco suítes foram projetadas no primeiro andar, duas com vista para a praia e duas voltadas para a serra, além de uma suíte central e sala íntima ao lado da escada. O volume superior, revestido em painéis metálicos, encaixa-se na estrutura inferior, com os pórticos servindo de peitoril. Assim, a casa parece ter altura menor que a real, em proporções mais suaves. Diante das janelas e portas de correr os painéis podem ser abertos, tornando o volume dinâmico. A cobertura transforma-se em solário cercado pela laje plantada, com um spa e fogo de chão. Todos os guarda corpos são em vidro extra clear, ressaltando a intenção de apagar os limites com a paisagem.
O projeto de interiores segue os tons fendi claro da arquitetura e acrescenta tecidos e mobiliário de cor mostarda, em inusitada combinação entre tons quentes e frios. Os clientes primaram por total conforto e praticidade, com grande quantidade de peças brasileiras, como a poltrona mole de Sérgio Rodrigues e a mesa pétala de Jorge Zalszupin, além da atmosfera casual, condizente com uma casa de praia.
A casa EK exemplifica como dois programas similares, em terrenos vizinhos, podem estabelecer diálogo em termos de solução sem perder identidade própria, privilegiando tanto a continuidade quanto a autonomia.