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dezembro, 2021

Como o 5G vai mudar o papel da arquitetura e do design

dezembro, 2021
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por Arthur Casas

 

Quando Steve Jobs anunciou ao mundo a chegada do iPhone, em 2007, coroava a era da soberania do hardware. Naquele momento, o design dos equipamentos era determinante para tudo o que viria a seguir, criando a porta de entrada pela qual a internet passaria a permear cada momento de nossas vidas.

Do celular, a rede global passou a habitar os sistemas dos automóveis, televisores, equipamentos de som e automação residencial. Em pouco tempo, o reinado do hardware se converteu em primazia do software. Os aplicativos impulsionaram mudanças no consumo, no trabalho, nos deslocamentos e em inúmeras atividades do dia a dia. No ano que vem, assistiremos ao ápice do reinado do software: 2022 marca a chegada do 5G ao Brasil e a intensificação do uso da tecnologia como serviço.

A internet das coisas, que conecta praticamente tudo o que existe, passa a ser uma realidade. As novas redes oferecerão uma velocidade de conexão de cerca de vinte vezes a atual, permitindo a criação de aplicações em tempo real e respostas imediatas. Os objetos irão captar demandas e reagir a elas automaticamente, sem interferência humana.

Se a geladeira notar que os ovos estão acabando, enviará um pedido de mais ovos ao mercado. Se o cortineiro identificar que lá fora o sol brilha intensamente, fechará sem que precise ser acionado. Sensores serão capazes de identificar a presença humana nos ambientes para otimização do uso de ar-condicionado e luz artificial. Eletrodomésticos, automóveis, gadgets e serviços serão todos interconectados e controlados pelo celular.

Trata-se de uma oportunidade ímpar de a arquitetura se colocar como uma tela em branco na qual todos esses sistemas poderão alcançar seu potencial máximo. O conforto será a regra, com diversos equipamentos constantemente se adequando às variações do clima para garantir as melhores condições de iluminação e ventilação – garantindo também melhor eficiência energética em prol da sustentabilidade. Irrigação, limpeza e inspeções automatizadas vão criar novos parâmetros de manutenção.

Nesse novo cenário, os edifícios podem ser encarados como objetos compartilhados, cujo sucesso estará muito mais na qualidade dos serviços oferecidos (software) do que na edificação em si (hardware). Isso quer dizer que a arquitetura vai perder a relevância? Pelo contrário. Ela será o fio condutor, o elo de ligação de todos os serviços, conectando objetos hiperconectados a uma rede de possibilidades capaz de atender às necessidades de uso de cada espaço.

A arquitetura e o design sempre colocaram o usuário como ponto de partida e eixo
central do desenvolvimento de ambientes ou peças de mobiliário. É hora de ir ao extremo dessa ideia, fazendo com que todo o ecossistema doméstico e urbano esteja também a serviço da melhor experiência do usuário. O tempo real e a personalização deixam de ser diferenciais para se tornarem pré-requisitos. Ninguém melhor do que arquitetos e designers para traduzir esses conceitos em funcionalidade, criando facilidades quase imperceptíveis, mas que fazem toda a diferença para que alcancemos novos paradigmas de bem-estar e eficiência.


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