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setembro, 2021

A madeira no centro da construção civil sustentável

setembro, 2021
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Por Arthur Casas

 

 

Vejo com bons olhos o protagonismo que a madeira está ganhando no setor da arquitetura e construção. Edifícios altos em madeira são a nova aposta dos países desenvolvidos, que se valem da madeira engenheirada (ou mass timber) produzida em escala industrial para montagem diretamente no lote. É um tipo de construção cerca de 60% mais rápida do que a de alvenaria e cujo peso pode ser até 5 vezes inferior ao de uma obra em concreto, o que facilita muito a logística da obra.

A madeira como elemento estrutural representa o fim da geração de entulho, do alto desperdício nos canteiros de obra e dos altos custos dos processos tradicionais. Seu desempenho é excelente e há benefícios sobre o bem-estar das pessoas. Pesquisas mostram que a convivência com esse elemento ajuda a relaxar, a melhorar a concentração, combater o estresse e até melhorar a memória. É um material fundamental para estabelecer um bom diálogo entre mobiliário, interiores e paisagem, o que sempre enriquece o projeto.

Há ainda o benefício adicional de ser o único elemento capaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e estocar gás carbônico ao longo de toda a sua vida útil, sendo a melhor solução em termos de sustentabilidade. Qualquer obra que utiliza pelo menos 50% de estrutura em madeira já consegue neutralizar sua pegada de carbono.

Se o resultado é bom para o ambiente, é ótimo para a cidade. Edifícios inteiros de madeira são o caminho para a criação de espaços urbanos mais sustentáveis. E eles já existem para comprovar isso, como mostra por exemplo o edifício Mjøstårnet, na Noruega, de 19 andares e 81 metros, totalmente feito em madeira engenheirada. Canadá, Estados Unidos e Europa já contabilizam dezenas de prédios assim nos últimos anos e agora essa possibilidade ganha força no Brasil.

O mercado vem respondendo bem à provocação de que é preciso ampliar o uso da madeira na construção civil. Investimentos na indústria de madeira engenheirada e em incorporadoras focadas na produção de edifícios baseados nesta matéria-prima indicam a virada de chave no mercado nacional. Para a arquitetura, está colocado o bom desafio de lidar com algo novo e promissor, capaz de transformar a maneira como produzimos nossas cidades e de dar respostas mais efetivas à preservação do planeta.


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